JORNAL O MANDATO .......OUTUBRO 97  

... 1- CRISE NA EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO
... PREFEITO NÃO INVESTE NO ENSINO E NEM QUER SABER
... DE DIÁLOGO
... 2 - GRITO DOS EXCLUÍDOS ECOA EM NITERÓI
... 3 - A LUTA TEM QUE CONTINUAR
... 4 - POPULAÇÃO É A MAIOR PREJUDICADA
... PROJETOS DA OPOSIÇÃO SÃO BLOQUEADOS
... 5 - EDUCAÇÃO
... MUNICÍPIO INVESTE POUCO EM EDUCAÇÃO E
... FAZ CRESCER NÚMERO DE ESCOLAS PRIVADAS
... 6 - SUPRAPARTIDÁRIAPETERSEN PROPÕE COMISSÃO
... 7 -DIREÇÃO DO PT ENFIA OS PÉS PELAS MÃO
... 8 - DIRETÓRIO NACIONAL DO PT DECIDE:
... *PETERSEN NÃO DEVE 30%
... 9 - DEMOCRACIA INTERNA SOB AMEAÇA
... 10 - ANÁLISE :
... ALIANÇA DÁ OS SEUS PRIMEIROS FRUTOS (PODRES)
... 7 - Expediente
 
 
 
 
   
  LEIA EDIÇÃO ANTERIOR ..... Reflexão

 

CRISE NA EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO

PREFEITO NÃO INVESTE NO ENSINO E
NEM QUER SABER DE DIÁLOGO

O autoritarismo de Jorge Roberto Silveira, demonstrado durante a greve dos profissionais de Educação de Ni-terói, chegou a causar, pela primeira vez, sérias divergências políticas entre os vereadores que o apóiam. Na análise fria dos números, constata-se que a Prefeitura investe pouco no ensino público e que, por conseqüência disso, a cidade tem a segunda maior rede de escolas privadas do Estado. Em vez de sentar para conversar com os representantes dos trabalhadores do setor, o Prefeito empina mais o nariz e diz que não vai dialogar. Por sua vez, a direção do PT faz um manifesto em que critica mais o pessoal da Educação do que a arrogância de Silveira.

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GRITO DOS EXCLUÍDOS ECOA EM NITERÓI

O público que assistiu ao desfile de 7 de setembro em Niterói recebeu com bom humor, cumplicidade e simpatia os trabalhadores e políticos de esquerda que tomaram conta da Av. Amaral Peixoto, depois do desfile oficial. No momento em que os "excluídos" ocupavam a pista, o locutor esvaziou o palanque, com uma fala nervosa ao microfone. Na pressa de encerrar as comemorações, ele tentou esvaziar também as calçadas. Mas não adiantou. Quando os "excluídos" passaram, houve chuva de papel picado. Muita gente vinha para o meio da rua buscar os panfletos, que em pouco tempo se esgotaram. E não faltaram comentários do tipo: "Vim para assistir ao desfile oficial. Mas essa parte está sendo a melhor da festa".

O Grito dos Excluídos, organizado nos últimos anos pela CNBB, tem como objetivo lembrar, no Dia da Independência, que ainda há milhões de brasileiros - cerca de um terço da população - vivendo na miséria, embora o Brasil tenha o 9º PIB do Mundo. Este ano, o protesto cresceu, organizado em mil cidades. Niterói recebeu trabalhadores sem terra, professores, petroleiros, minorias organizadas, que juntaram-se aos trabalhadores daqui, realizando uma expressiva manifestação.

Uma das alas era formada por servidores públicos municipais - em especial, professores e profissionais de saúde -, que estavam de luto contra a política de arrocho salarial do Prefeito, que segue os passos de FHC e Marcello Alencar. A faixa lembrando que "Jorge Roberto também exclui" foi a maior da passeata. Pena que o Prefeito não viu, pois, como sempre, estava ausente dos atos onde tem povo.

O toque de originalidade ficou por conta do Sindicato dos Trabalhadores da UFF, que promoveu uma performance na Praça Araribóia, culminando com a crucificação do servidor público, há 3 anos sem aumento de salário. Os sem terra vieram com o tradicional boné do MST e distribuíram cartões vermelhos para os governos neoliberais. Muitos usavam camisetas alusivas à condenação do líder José Rainha, com os dizeres "crime é não fazer a reforma agrária". (Fátima Lacerda/Especial)

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A LUTA TEM QUE CONTINUAR

Talvez nem todos saibam das dificuldades que enfrento no exercício do mandato: a tentativa de isolamento, as calúnias que venho sofrendo, os pro-cessos sumários dentro do Partido são práticas autoritárias da ©nova maioriaª do PT, que busca a minha expulsão ou cassação dos meus direitos políticos. Tudo isso acontece porque tento impedir que o fisiologismo desse grupo, que se aliou ao neoliberalismo em Ni-terói, passe a ser prática do PT da cidade. O difícil acesso à mídia tem como objetivo calar a minha voz e impedir que tenha eco nos movimentos sociais e de cidadania em nossa cidade. A luta, porém, tem que continuar, dentro e fora do PT! Não sou homem de cruzar os braços diante das dificuldades. A minha indignação é imensa, mas tem servido de alimento para o meu espírito de trabalho e luta! Não desistirei! E estou pronto para o combate.

Vereador Petersen

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POPULAÇÃO É A MAIOR PREJUDICADA

PROJETOS DA OPOSIÇÃO SÃO BLOQUEADOS

O rolo compressor se instalou na Câmara dos Vereadores de Niterói, prejudicando sobretudo a maioria da população. Diversos projetos apresentados pela Oposição são sumariamente rejeitados, por determinação expressa do Prefeito. A melhoria do bem-estar da comunidade fica em segundo plano. O importante, para os vereadores obedientes a Jorge Roberto, é não valorizar os projetos da Oposição.

O Vereador Petersen, por exemplo, desde que assumiu o mandato, já apresentou mais de 20 projetos sobre área ambiental, transportes, direitos do consumidor, entre outros pontos. Mas as propostas tramitam lentamente pelas Comissões da Câmara, quando não são rejeitadas imediatamente. Petersen resolveu mobilizar a sociedade para defender os projetos. No gabinete do parlamentar, as pessoas poderão assinar um documento de apoio às propostas. O abaixo-assinado, em breve, estará também nas ruas, nas atividades do Mandato Petersen.

Veja a seguir alguns dos projetos de Petersen que estão sendo bloqueados pela tropa de choque de Silveira:

Criação do Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério; obrigatoriedade de constar o preço em real das mercadorias nas embalagens expostas à venda nos estabelecimentos comerciais, já que a introdução do código de barras nas embalagens dos produtos adquiridos não garante aos fregueses o direito de conferir os preços das mercadorias com os valores realmente cobrados no caixa; instituição do Memorial ao Ar Livre da Reserva Biológica da Goethea, em Itaipu, testemunhando a primeira e mais antiga Unidade de Conservação Ambiental Municipal do Brasil, de março de 1932.

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Poluição administrativa

Em 94, a Mirak Engenharia foi contratada para enterrar a tubulação do emissário submarino da cidade, no trecho da Av. Ary Parreiras. Depois de acertos feitos entre Adeg, Mirak e Prefeitura, alteraram o projeto colocando a tubulação sobre as calçadas. Na época, Petersen denunciou o fato. No início deste ano, Jorge Roberto Silveira mandou arrancar a tubulação das calçadas e assumiu os custos. A Mirak, por sua vez, abandonou as obras. Estranho comportamento para quem diz estar sem recursos.

Privilégio do camarada

Que Niemeyer é um arquiteto de projeção internacional, isso ninguém discute. Mas daí ele ter exclusividade em todos os projetos arquitetônicos de Niterói, já começa a cheirar a protecionismo. Recentemente, o camarada arquiteto foi contratado pela Prefeitura, sem licitação, por mais de meio milhão de reais. O concurso público é a melhor forma de evitar esses privilégios. Assim, se houver necessidade de novos projetos para a cidade, que a escolha ocorra através de concurso.

Passe livre já

Continua sem solução o problema do passe livre para os estudantes niteroienses. A Justiça deu aos empresários de ônibus o direito de exigirem a fonte de custeio dos cofres públicos, para que os estudantes possam viajar de graça nos coletivos da cidade. Mais uma vez, ganhou o lobby dos tubarões dos transportes, que já recebem benefícios concedidos pela Prefeitura com relação ao ISS. Enquanto isso, milhares de alunos passam mil dificuldades para fazer o trajeto casa-escola-casa.

Globalizar a luta

O Fórum Intersindical, Estudantil e Popular de Niterói e São Gonçalo, reunido no dia 7 de agosto passado, no DCE da UFF, aprovou um manifesto em que propõe a globalização da luta de classes como único modo dos trabalhadores de todo o Mundo enfrentarem os efeitos perversos da crise econômica provocada pela globalização neoliberal. O Fórum destacou a criminalização que o governo FHC tem promovido contra a direção do Movimento dos Sem Terra, assim como a perseguição que o governo Jorge Roberto Silveira vem fazendo contra os dirigentes sindicais da Clin e da Associação dos Servidores da Fundação Municipal de Saúde. O Fórum considerou ainda que o governo Jorge Roberto faz propaganda de que Niterói é a quarta cidade do País em qualidade de vida, mas ignora reivindicações básicas dos trabalhadores municipais. A política de privatização da Clin e do setor da Saúde e a terceirização dos serviços de água e esgoto da Prefeitura de Niterói também foram duramente criticadas. O Mandato Petersen esteve presente à reunião.

Homenagem ao samba de raiz

O Plenário da Câmara Municipal de Niterói entrou no ritmo do samba, no dia 8 de agosto passado, quando, por iniciativa do Vereador Petersen, os proprietários do Candongueiro, Hilda Maria de Lemos Basto e Ilton Lopes Mendes, receberam, respectivamente, o título de Cidadã Honorária e a Medalha José Clemente. Presentes à homenagem personalidades do samba de raiz como Nélson Sargento, Zorba, Lula do Cavaco, Marconi, Fábio, Paulo Figueiredo, o presidente do Museu da Imagem do Som, além de jornalistas, familiares e amigos. A homenagem à Hilda e Ilton deve-se ao trabalho que eles realizam de valorização da MPB de raiz em nossa cidade. Na foto de Margareth Pinheiro, os homenageados estão à direita, tendo em 1º plano o compositor Nelson Sargento.

Prioridades municipais

O governo JRS deu uma grande guinada à esquerda. A Neltur "Empresa Niteroiense de Esporte, Lazer e Turismo" publicou, no dia 18 de agosto passado, despacho assinado por seu presidente autorizando a contratação de Gérson de Oliveira Nunes para execução de serviços técnicos profissionais especializados de consultoria e direção-geral do Projeto Gérson, no valor de R$ 72 mil, para um período de 24 meses. Agora, a Prefeitura conta com o Canhotinha de Ouro da Copa de 70 para dar um clima de esquerda ao seu perfil...

............................................................................................................................................. EDUCAÇÃO

MUNICÍPIO INVESTE POUCO EM EDUCAÇÃO E
FAZ CRESCER NÚMERO DE ESCOLAS PRIVADAS

A Prefeitura de Niterói é uma das lanterninhas em matrículas de 1º grau no Estado. De acordo com dados de 1994, entre os 82 municípios existentes na época, Niterói ocupava o 78º lugar, só ganhando de Cambuci, Cordeiro, Duas Barras e Santa Maria Madalena. Paralelamente a esse péssimo desempenho do Poder Público Municipal, a cidade tem, proporcionalmente, a segunda maior rede privada de ensino, só perdendo para Petrópolis. O professor Nicholas Davies, da Faculdade de Educação da UFF, explicou que o Município oferece menos de 15 vagas para cada grupo de 100 alunos do 1º grau. Os dados constam do Anuário Estatístico 97 do CIDE-Centro de Informação e Documentação do Estado, órgão subordinado à Secretaria Estadual de Planejamento. "Como o quadro mudou muito pouco nesses últimos anos, podemos supor que a Prefeitura continua entre as de pior desempenho no oferecimento de ensino fundamental para todos", afirma Nicholas.

Itatiaia, pelo Anuário 97 do CIDE, é o Município com a maior participação percentual em matrículas do 1º grau, oferecendo 3.586 vagas, o que perfaz 79,68% da rede municipal de ensino fundamental. Rio de Janeiro é o segundo colocado, responsabilizando-se por 72,39% das matrículas do 1º grau. Em terceiro lugar vem Quissamã, com 66,6% das vagas. Já na última classificação está Duas Barras, que responde por apenas 62 vagas, ou seja, 4,02% do seu ensino fundamental. Niterói é o quinto pior classificado, sendo responsável por apenas 14,32% das matrículas do 1º grau.

O professor Nicholas Davies desconfia dos números oficiais apresentados pela Prefeitura. "Niterói tem o maior gasto médio hipotético por aluno e por docente, entre os principais municípios fluminenses. Mas a remuneração dos profissionais de Educação, que é uma das mais baixas, e o tamanho da rede de ensino, que é a quinta menor do Estado, não acompanham os gastos contábeis apresentados no papel", revela.

Só para citar alguns exemplos: Niterói tinha, há três anos, 14.945 alunos no pré-escolar e 1º grau. Pelos números da Prefeitura, o gasto hipotético por aluno é de R$ 1.863,00 e, por docente, fica em R$ 32.125,00. Já Angra dos Reis tem uma rede de ensino com 15.905 alunos, com um gasto por estudante de R$ 966,00 e, por docente, de R$ 16.675,00. Enquanto o piso salarial de um professor em Angra Ä de 5ª à 8ª série Ä está em torno de R$ 600,00, o piso em Niterói está em R$330,00. Em Itaboraí, o piso está em R$ 440,00.

Outro detalhe importante: no período de 1989 a 95, o número de matrículas no Município só cresceu 10%, enquanto em Angra a expansão foi de 100%. Em Duque de Caxias, o crescimento foi de 60% e em Itaboraí atingiu 36%.

............................................................................................................................................. PETERSEN PROPÕE COMISSÃO SUPRAPARTIDÁRIA

A audiência do dia 25 transformou-se numa grande manifestação pública de solidariedade aos profissionais da Educação, que vêm encontrando uma forte intransigência do Poder Municipal durante o movimento por melhores salários e condições de trabalho. Em seu pronunciamento, Petersen afirmou que "nenhum governo popular e democrático pode tratar a categoria e os representantes dos professores e do pessoal de apoio com tamanha arrogância e autoritarismo, insistindo em não reconhecer suas lideranças para abrir um canal de diálogo e pôr fim a essa greve".

A criação de uma Comissão Suprapartidária com o objetivo de instaurar uma auditoria independente nas contas do Município, foi a proposta apresentada pelo Vereador João Batista Petersen, durante audiência pública realizada no dia 25 de agosto último, na Câmara Municipal. Petersen disse que a sociedade precisa saber ao certo quanto, em termos efetivos, a Prefeitura gasta principalmente na Educação, pois, pela análise das contas oficiais, os 25% que deveriam ser destinados ao setor não estão sendo cumpridos. A proposta do parlamentar foi amplamente apoiada pelos presentes à audiência pública.

............................................................................................................................................. DIREÇÃO DO PT ENFIA OS PÉS PELAS MÃOS

O incrível acontece: pela primeira vez em toda a história do movimento sindical dos profissionais de Educação do Município, a direção do Partido dos Trabalhadores foi vaiada. Os funcionários do setor não gostaram das posições da "nova maioria" do PT, que lançou um documento sobre a greve da Educação e foi à assembléia dos trabalhadores defendê-lo. A nota da Executiva Municipal do Partido utiliza 6 linhas para criticar a postura "equivocada e autoritária" do Governo Municipal, porém, gasta 25 linhas com críticas à direção do Sepe-Niterói, a quem acusa de estimular "a incidência de propostas e posturas de cunho nitidamente partidarizante".

Os profissionais da Educação estranharam o posicionamento político da Executiva do PT, que, em vez de intermediar uma negociação entre o movimento e o prefeito, optou por tentar fazer uma censura pública aos trabalhadores em greve. A nota do Partido, de certa forma, serviu mais para reforçar a intransigência de Jorge Roberto do que se mostrar solidário ao movimento dos servidores. As críticas feitas ao Sepe vieram na mesma linha política dos partidos conservadores, aliás, muito utilizada no período da ditadura militar, para tentar intimidar as lideranças sindicais que combatiam o autoritarismo então vigente. Não é politiamente correto um partido de esquerda fazer esse papel.

............................................................................................................................................. DIRETÓRIO NACIONAL DO PT DECIDE:

PETERSEN NÃO DEVE 30%

O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, reunido no Hotel Glória, no Rio de Janeiro, no dia 29 de agosto passado, julgou procedente o recurso apresentado pelo Vereador Petersen, concluindo que ele não deve 30% ao PT e reconhecendo como devida a contribuição de apenas 1% do salário, como vinha fazendo desde a sua filiação ao Partido. O recurso do parlamentar encaminhado ao Diretório Nacional - que é a instância superior do Partido - questionava a cobrança dos 30% que vinha sendo feita pelo Diretório Municipal de Niterói. Petersen , desde o início de seu mandato, abriu mão dos vencimentos a que teria direito como vereador, optando por continuar a receber apenas o seu salário de procurador.

A decisão do Diretório Nacional desautoriza, de certa forma, o encaminhamento que vinha sendo dado pelo Diretório Municipal, que, através do Boletim do PT-Niterói, chegou a divulgar, levianamente, que "o vereador J.B. Petersen deve R$ 26.568,00, referente à contribuição partidária de 30% durante dois anos". Em verdade, Petersen jamais deixou de contribuir com o Partido, sempre passando ao PT 1% dos seus ganhos como membro concursado do Ministério Público. Ao assumir o cargo de vereador, Petersen não teve os seus ganhos alterados, continuando a recolher o mesmo 1% ao Partido. A direção municipal do PT entendia que a contribuição deveria passar de 1 para 30%. Ao apreciar a questão, o Diretório Nacional deu razão ao parlamentar, prevalecendo as regras do estatuto.

Em reunião do Conselho Deliberativo Municipal, realizada em 10 de junho passado, o atual secretário de Finanças do PT, Marcelo Martins - assessor da deputada estadual Tânia Rodrigues -, propôs a suspensão dos direitos políticos e partidários de Petersen, repetindo proposta que foi derrotada, por unanimidade, na Convenção Municipal de maio último. Por vários meses, a "nova maioria" do PT promoveu uma campanha pública tentando desmoralizar o Mandato Petersen. Agora, com a decisão do Diretório Nacional, espera-se que esses detratores se calem.

............................................................................................................................................. DEMOCRACIA INTERNA SOB AMEAÇA

Ibsen, ao escrever a peça O Inimigo do Povo, dizia que "a maioria é formada por imbecis". Muitos anos se passaram e a pergunta continua no ar: Será que ele tinha razão ? O autor vem à memória quando paramos para analisar o que está acontecendo internamente no PT da cidade. A chamada ©nova maioriaª, que passou a dominar o Diretório Municipal a partir da Convenção de maio último, não está sabendo conviver com divergências políticas e tenta impor uma unanimidade forçada.

No dia 10 de junho último, em reunião extraordinária do Conselho Deliberativo Municipal, o Partido aprovou, sem causa justa, a aplicação de uma Advertência Pública ao Vereador Petersen. No fundo, trata-se de uma autêntica caça às bruxas, patrocinada pela tal "nova maioria", que não aceita questionamentos a sua política. No dia seguinte à reunião do CDM, prontamente foi expedido um comunicado dirigido aos filiados do PT e que também chegou rapidamente aos veículos de Imprensa, informando sobre a "punição" aplicada a Petersen.

Na pressa de atingir negativamente a imagem do vereador, o Diretório Municipal deixou de lado os princípios da ética e da democracia, como, por exemplo, o direito de defesa. Ficou evidente o desrespeito às normas que foram criadas para impedir reproduções de processos fascistas em que desafetos políticos são perseguidos e punidos pelo simples fato de pensarem diferente da maioria.

Foi descumprido o Regimento Interno do Partido, que determina seja feita uma representação por escrito contra o acusado. Não lhe foi dado o direito de ser ouvido antes da instrução do processo disciplinar e, além do mais, não houve parecer da Comissão de Ética.

Lamentavelmente, os atuais dirigentes do PT de Niterói postam-se acima da lei, julgando politicamente um militante sem apontar os fatos e condutas passíveis de punição. Trata-se de um rito sumário de fazer inveja ao velho Stálin.

............................................................................................................................................. ANÁLISE

ALIANÇA DÁ OS SEUS PRIMEIROS FRUTOS (PODRES)

Não foi preciso muito tempo para que os primeiros frutos da aliança PDT-PT na Prefeitura de Niterói aparecessem e, como era de se esperar, eles estão podres. Desde que a chamada ©nova maioriaª do Partido dos Trabalhadores aceitou cargos no Poder Municipal, diversos fatos sociais vêm ocorrendo, sem que o comportamento da Prefeitura tenha mudado.

Uso de violência na remoção de vendedores ambulantes, perseguição política aos dirigentes da Associação dos Servidores da Saúde e intransigência na relação com os profissionais de Educação em greve são alguns dos acontecimentos registrados já no período de namoro aliancista, sem que a prática democrática do PT tenha surgido. O porte autoritário de Jorge Roberto Silveira ao tratar do movimento do pessoal da Educação chegou a causar, pela primeira vez, divergências sérias entre os vereadores que apóiam esse Governo. Mas o PT, que sempre esteve engajado nas lutas sociais, suavizou o seu discurso, como se prestasse conta ao seu patrão, e chamou de radical a direção do PT.

Dias após a formalização da aliança PDT-PT, o Prefeito conseguiu derrubar na Câmara Municipal o projeto que estabelecia o Orçamento Participativo em Niterói. A proposta foi apresentada por mim e pelo ex-vereador Marcos Gomes. O PDT, apoiado pelos seus aliados de direita, sepultou a mais cara bandeira de luta das administrações petistas, de sucesso comprovado em todo o País. Para derrubar o projeto, a bancada governista se baseou num parecer técnico da Prefeitura, segundo o qual as novas secretarias regionais já fazem muito bem o papel de garantir a participação popular na administração pública. Pior é que a nova direção do PT se limitou a um silêncio envergonhado.

Reafirmamos nossos princípios de construir uma ampla unidade das forças sociais para combater efetivamente o neoliberalismo e, ao mesmo tempo, apresentar uma alternativa política que garanta melhores condições de vida para a maioria da população. Por outro lado, não acreditamos que essa aliança em torno do governo autoritário de Jorge Roberto seja o caminho a ser percorrido pelo movimento popular. Estão aí os profissionais de Educação municipais que não deixam dúvidas.

Vereador João Batista Petersen

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"Pedir que o movimento pare de lutar é pedir que o povo não exista.
É para isso que nós existimos, e é só por causa da luta
que acontecem as desapropriações. E não pela vontade generosa
de algum presidente. Quando o povo pressiona,
eles dizem que, sob pressão, não dá para agir.
Quando pára de pressionar, eles dizem:
pra que mudar, se ninguém está reclamando ?"

João Pedro Stédile, coordenador nacional do Movimento dos Sem Terra/MST.

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Expediente

O Mandato é uma publicação de responsabilidade do
Vereador João Batista Petersen
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